Não sou anárquico e também não gosto de me ver como um daqueles que diz mal de tudo e de todos. Reconheço a necessidade da existência da polícia e de medidas que, apesar de restritivas e punitivas, contribuem para o bem de todos. No entanto, há limites. Ter um polícia escondido atrás duma árvore à espera de apanhar um condutor ao telemóvel ou sem cinto de segurança (como já me aconteceu) é ridículo mas é também uma medida preventiva. Todos reconhecemos que é necessário erradicar estes comportamentos. Há outras medidas que já me parecem de má fé.
Vivemos num país de brincalhões e temos uma polícia de brincar!
Etiquetas: Polícia
Lá estarei.
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Published by RD on janeiro 28, 2008 at 20:02.Etiquetas: Flickr, Picture Of The Week
Etiquetas: Al Gore, Bill Gates, Bono, Cardinal McCarrick, Carly Fiorina, Davos, Fadi Ghandour, H.M. Queen Rania, Klaus Schwab, Mahdi Hadavi, Rick Warren, Tony Blair, World Economic Forum
"What one thing do you think that countries, companies or individuals must do to make the world a better place in 2008?"
Etiquetas: Bono, Davos, Millenium Goals, World Economic Forum
Bandas como Cocteau Twins, Dido, Gorillaz, Lamb, Massive Attack, Morcheeba e outras formam, com os Portishead, o melhor que há no estilo trip-hop. Um estilo de música electrónico mas lento marcado pelas batidas desacelaradas. Há também quem chame ao trip-hop som de Bristol por ter sido nessa cidade inglesa que surgiu. Tal como os Portishead têm o nome da cidade natal de Geoff Barrow.
Os Portishead têm dois álbuns editados, Dummy (1994) e Portishead (1997), e anunciaram recentemente o lançamento do álbum Third a 14 de Abril. Será uma surpresa ouvir como se portam onze anos depois do seu último disco de originais.
No Porto a 26 de Março e em Lisboa no dia seguinte será possível rever esta banda que tanta aceitação teve sempre que veio ao nosso país.
Etiquetas: Música
Faz sentido haver alguma concentração de meios em menos sitios, quando existem alternativas. Não se pode esperar que quem tem um serviço de saúde ao lado e o vê fechar esteja de acordo, ou não se sinta lesado, mas também sabemos que eles não podem estar em todo lado. É preferível escolher bem onde esses serviços se devem situar, e os que existem serem devidamente apetrechados. Quantas vezes não se está perto do hospital para depois esperar horas para ser atendido? É verdade que assim as unidades de saúde terão de servir áreas maiores mas também podem prestar um serviço com melhores condições, e parte das distâncias pode ser compensada por maior investimento por exemplo em ambulâncias.
Etiquetas: Correia de Campos, Saúde
Segundo o encenador, João Mota, o autor tem grande rigor nos textos que escreve e a sua componente inquietante e trágica facilitam a função de alertar o público que acaba por ser a finalidade do teatro.
No livro Jerusalém, do mesmo autor, que tive o prazer de ler, encontrei personagens muito carregadas de culpas, preconceitos e frustrações num clima de ausência de felicidade e vazio, dor e loucura, a lembrar Kafka, ou pelo menos a noção que se tem de Kafka. Um médico obcecado por catalogar e teorizar sobre as guerras e as catástrofes da humanidade, a sua mulher internada num hospício com relações extra-conjugais, um filho com problemas físicos e de dicção, uma prostituta, um ex-combatente psicótico, as relações entre eles e deles consigo próprios. Segundo o autor, “Berlim” terá sido escrito no mesmo âmbito temático. Assim, recomendo esta peça tal como recomendo a leitura de Jerusalém.
Berlim está em cena até ao dia 8 de Março. De quarta-feira a sábado às 21h30 e aos domingos às 17h.
Etiquetas: Literatura, Teatro
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Published by RD on janeiro 21, 2008 at 20:02.Etiquetas: Flickr, Picture Of The Week
A organização divulgou que este ano terá 357 filmes em exibição por oito cidades do país através de diversas salas Lusomundo e ainda uma homenagem ao actor Max von Sydow conhecido por filmes como “O diário de Anne Frank”, “O exorcista”, “Flash Gordon”, “Conan, o bárbaro”, “Quo Vadis?”, “Despertares”, “What dreams may come”, "Relatório minoritário”, entre muitos outros.
Lembrando o vencedor da última edição, vi recentemente “El laberinto del Fauno” de Guillermo del Toro. Uma história envolvente duma menina que queria ser princesa. A forma como é retratado o clima de violência e perseguição da Espanha Franquista dos anos quarenta é exímia ao ponto de ser chocante. Quem gostar de histórias fantásticas e de fugir ao "Hollywood’ismo" instalado tem aqui uma excelente opção.
O Fantasporto 2008 terá lugar entre os dias 25 de Fevereiro e 9 de Março próximos.
Etiquetas: Cinema, Fantasporto
Vídeo: Driving you slow, The Gift
Como sempre, os rumores e as expectativas eram altos, falava-se de modificações para o iPhone, os mais audazes queriam ver Steve a anunciar a versão 3G do smartphone da Apple, no entanto Jobs não satisfez os “sonhos” de todos.
Mas como sempre, Steve Jobs, fez a audiência vibrar de espanto. Desta vez, graças ao lançamento do portátil mais leve e fino do mundo (apenas 1,93 cm de altura!), o novíssimo Macbook Air. Um portátil, revolucionário, que vai certamente tornar-se uma referência.
Jobs anunciou ainda uma nova versão da AppleTV, que agora passa a funcionar sem necessidade de computador, anunciou um acordo com os maiores Estúdios de Cinema americanos, que vai permitir o aluguer de filmes através do iTunes (de momento apenas nos EUA). Mostrou ainda, um disco externo revolucionário, o Time Capsule que funciona em Wi-Fi.
Para o iPhone e para aqueles que queriam ver o upgrade, para 3G e a possibilidade de GPS, Jobs, anunciou as melhorias realizadas pela Apple, no sistema de mapas do seu smartphone e um acordo com a Google e a Skyhook, que no fundo permite aos utilizadores do iPhone terem um GPS "próprio" – a localização não é dada por um satélite mas pela triangulação automática de sinal GSM e Wi-Fi feita, respectivamente, pelo Google e pelo Skyhook. Podendo agora, sim, o iPhone ser utilizado como um vulgar sistema de navegação.
Steve Jobs anunciou ainda novas aplicações para o iPod e para o iPhone, mas depois da euforia do ano passado com o anuncio do lançamento de um telemóvel revolucionário, as Keynotes deste ano deixaram muita gente decepcionada, tão altas eram as expectativas, prova disso foi a evolução, que teve ontem no Nasdaq o título da empresa de Cupertino – que deixou muitos especuladores a fazer contas ao investimento realizado! Não se pode apresentar um iPhone, todos os anos!
Etiquetas: Apple, MacBook Air, Steve Jobs
Coração artificial pode vir a ser possível
0 Comments Published by Filipe on janeiro 15, 2008 at 18:27.A técnica consiste em retirar, dum coração morto, todas as células cardíacas (descelularização) e reinjectar no tecido cardíaco células cardíacas e estaminais cardíacas dum recém-nascido. Os investigadores descobriram que, após este procedimento, o coração acorda, retoma o batimento e ao fim de alguns dias tem prestações regulares.
Esta investigação foi realizada em animais mas há expectativas positivas de utilizar esta técnica em humanos o que poderá levantar questões de natureza ética, nomeadamente pelos grupos religiosos extremistas que sempre têm uma palavra a dizer nestes casos. É verdade que esta não é uma situação que se compare com a clonagem ou manipulação genética mas não deixa de ser também verdade que as associações pró-vida não perdem uma oportunidade para aparecer, mesmo que com argumentos retrógradas e distorcidos, desde que assim tenham publicidade.
Como todo este género de investigações, a aplicação em humanos terá que esperar ainda alguns anos.
Etiquetas: Medicina
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Published by RD on janeiro 14, 2008 at 20:02.Etiquetas: Flickr, Picture Of The Week
Etiquetas: Nicolas Sarkozy, Tony Blair, UMP
Etiquetas: EUA, Mike Huckabee
Parece que o IVA aplicado à actividade dos ginásios baixou da taxa normal (21%) para 5% para incentivar a prática de actividades desportivas. Claro que do meu ginásio já recebi uma carta a explicar entre outras coisas que o mesmo prefere investir em melhores serviços do que em baixar preços, blá blá blá, isto é a mensalidade manter-se-á... O mesmo terão feito a esmagadora maioria dos ginásios em Portugal. Pode vir a ter algum impacto no consumidor, mas uma boa parte ficará em beneficio dos ginásios.
A simplicidade é uma qualidade sempre menosprezada, especialmente no sistema fiscal. Este é um caso em que se faz uma distorção que tem um custo, e com pouco reflexo no que é pretendido - incentivar e tornar mais barata a prática de desporto. Se é discutível que devamos financiar (ainda que indirectamente) aqueles que pagam mensalidades de ginásio, ainda mais é quando esse financiamento vai beneficiar os ginásios em vez dos praticantes. Não teria sido mais inteligente permitir a dedução das despesas desportivas? Ao menos assim era um custo que servia o objectivo.
James Castrission e Justin Jones, ao chegarem hoje a Ngamotu Beach na costa Oeste da Nova Zelândia, cumpriram o objectivo de se tornarem nos primeiros, a conseguir “ligar” a Austrália à Nova Zelândia por kayak, para tal tiveram que fazer mais de 3000 km no (intempestivo) Mar da Tasmânia.
Entraram, assim, para um clube restrito de aventureiros, que no kayak, inclui nomes como: Franz Romer (1928), Hannes Lindemann (1956) ou Peter Bray (2001), que atravessaram o Oceano Atlântico; Paul Caffyn que em 1981 circunavegou a Austrália; ou Ed Gillet, que em 1987, “ligou” a Califórnia ao Hawai.
Vale a pena, ainda recordar que o mítico, Franz Romer, veterano da I Grande Guerra, que em 1928, com 29 anos atravessou o Atlântico sozinho, saiu de Lisboa no dia 31 de Março e depois de uma escala em Las Palmas, nas Canárias, ligou as ilhas espanholas a St. Thomas nas Ilhas Virgens americanas, cerca de 4800km, em apenas 58 dias. Acabaria por “desaparecer”, quando tentava fazer a ligação entre San Juan, Puerto Rico e Nova Iorque. No entanto a sua travessia – a maior expedição, da história, do kayaking, torná-lo-ia, para sempre, um mito do kayak e, um dos maiores aventureiros de todos os tempos.
Etiquetas: Austrália, Aventura, Frank Romer, James Castrission, Justin Jones, Kayak, Nova Zelândia
Etiquetas: Cinema
O Senador pode agora, pensar seriamente na nomeação como candidato oficial do Partido, depois de muitos terem dado a sua candidatura como moribunda, McCain precisava de vencer em NH e de vencer Romney. A eleição do lado republicano, será certamente uma luta a três, Romney, McCain, Giuliani, no entanto, ainda tudo pode passar do lado do “elefante”.
Quanto à vitória de Hillary Clinton, poucos a esperariam, depois da ascensão estrondosa que Barack Obama teve na última semana.
Mas o primeiro que se deve salientar, destas primárias no estado do granito, é a falha total, de praticamente todos os estudos de opinião, realizados nos dias precedentes ao Caucus do Iowa. Estas sondagens, que começaram a surgir no fim-de-semana, indicavam uma clara mudança de intenção de voto. Hillary, em todas as sondagens perdeu a vantagem que tinha, de 6-8 pontos, passando, como que por acto de magia esta vantagem de imediato para Obama, que nas sondagens de segunda-feira, chegou a ter mais de 10 pontos de margem para a Senadora. Estamos perante um fenómeno conhecido dos americanos, a força mediática de Obama, foi tal que os eleitores democratas, passaram a ter receio, em demonstrar que não iriam votar num candidato de cor, Bradley/Wilder effect - apoiaram Obama nas sondagens, no entanto na eleição votaram Hillary. Para o Prof. Jon A. Krosnick, Hillary beneficiou ainda da sua posição nos boletins de voto. Para o Professor de Stanford, a posição de Hillary pode lhe ter “dado” mesmo, 3% do total de votos. Caso não houvesse tal distância nos lugares em que aparecem nos boletins de voto, esta eleição ficaria empatada, ou desiquilibrar-se-ia para o lado do Senador de Illinois, segundo Krosnick.
É com este cenário, que a vitória de Hillary Clinton em NH, assume ainda um conotação mais emblemática, agora sim pode utilizar o epíteto (que tanto ajudou Bill) de “comeback kid”, com que várias vezes se nomeou depois do desaire de Iowa, para se manter na corrida e apelar à mobilização dos seus apoiantes, mais jovens.
Esta vitória, faz acalmar a euforia dos apoiantes de Obama, que ontem depois de ouvirem o seu candidato, estavam bastante resignados à força da “máquina” partidária de Hillary Clinton, muito subestimada depois da pesada derrota no Iowa.
Apesar de todo este clima de derrota, Obama conseguiu algo notável, face às sondagens do último mês, no mínimo equilibrou esta luta, que Hillary pensava haver já vencido. Falta saber, quando é que (se o fizer) John Edwards abdicará da corrida, e a qual dos candidatos dará o seu apoio (se o fizer).
No entanto, e depois de tudo o que vi até agora, esta parece que será uma luta até ao fim entre Hillary e Obama. Será uma luta entre o grande aparelho partidário de Clinton e o brilhantismo de Obama.
Etiquetas: Barack Obama, Hillary Clinton, John Edwards, John Mccain, Mitt Romney, Rudolf Giuliani
Acompanho o desenrolar e de vez em quando lá me lembro dos nossos arautos da democracia e liberdade que falam dos EUA como uma democracia menor, duvidosa, musculada, com tanto para aprender nas "boas práticas" deste lado do oceano... Não será mais ao contrário?
Etiquetas: Democracia, EUA
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Etiquetas: CNN Traveler, Lisboa, Turismo, Viagens
O entrepreneur israelita Yossi Vardi, fala para a TED, dos males, que o blogging (excessivo) pode trazer a esta geração e gerações futuras. Imperdível!
Etiquetas: Blogging, TED, Yossi Vardi
É com ele que o país pode mudar, lê-se no rescaldo da euforia do Iowa, a imprensa internacional parece já rendida ao Senador, e os discursos dos analistas mudaram abruptamente. Hillary Clinton, aparece agora, num segundo plano, como se de uma candidatura menor se tratasse, apesar de a nível nacional continuar a liderar as sondagens, com mais de 20 pontos de margem e de, no New Hampshire continuar ainda à frente do Senador de Chicago.
Mas, em apenas um dia, tudo parece ter mudado, e, é que, Obama transmite entusiasmo fala ao coração dos americanos, sabe como ninguém os problemas que sofrem os menos favorecidos, compreende as angústias dos imigrantes, reconhece perante todos, os males que "circulam" por Washington. Fala no “ser” americano, raramente individualiza o discurso, utiliza o “nós” e não o “eu”, fala aos jovens, aos velhos, aos pobres, aos ricos, aos asiáticos, aos latinos, aos negros, aos brancos, fala de mudança, de esperança, de um "novo" país. E os americanos, agora parecem acordar para essa mudança.
Video: Discurso da vitória, 03/01/08, Des Moines, Iowa
Etiquetas: Barack Obama, EUA
Como era previsível Barack Obama, pelos democratas e Mike Huckabee pelos republicanos ganharam a primeira batalha do longo caminho que dista até à almejada Casa Branca.
Do lado republicano Huckabee, consiguiu impôr a sua lei, e obteve uma vantagem considerável sobre Mitt Romney, que a tudo recorreu nos últimos dias para poder alcançar Huckabee. No entanto, e apesar do que algumas sondagens vaticinavam, Mike Huckabee, conseguiu no Iowa uma vitória clara e expressiva com cerca de 34% dos votos contra os 25% de Romney. Foi certamente, este o início sonhado pelo ex- Governador do Arkansas, marcar diferença sobre os seus mais directos rivais de forma a conseguir entusiasmar os seus apoiantes à mobilização, essencial, nesta luta que se prevê longa.
Convêm ainda salientar que o actor Fred Thompson conseguiu suplantar John McCain por apenas umas centenas de votos, ficando assim em terceiro lugar, apesar de ter eleito apenas 3 delegados como o Senador. E para a história fica também a prestação a limiar o ridículo de Rudy Giuliani que apenas conseguiu 4% das intenções de voto, ficando mesmo atrás de Ron Paul, o candidato que tem batido todos os recordes de popularidade (e recolha de fundos) na Internet.
Nos democratas, a felicidade de Barack Obama, era imensa, não só venceu a sua principal rival, por uma margem significativa, (38%, contra 29%, da Senadora de NY) como viu ainda Hillary Clinton ficar atrás de John Edwards. Edwards, conseguiu superar Hillary, como vaticinavam alguns analistas, o que pode vir a baralhar significativamente as contas de Clinton na eleição. Foi a grande derrotada da noite.
Este impulso que tanto Obama, como Edwards necessitavam, para poderem sonhar em destronar Hillary na corrida a Washington, pode começar por alterar as sondagens dos estados que se seguem.
Para Barack Obama, este pode bem ter sido o início de uma longa história. Com esta vitória o Senador do Illinois, contagiou de euforia os seus apoiantes que já falam agora de uma nova vitória em New Hampshire (na próxima terça-feira), onde Clinton tem aparecido sempre à frente nas sondagens. Este mês será sem qualquer dúvida decisivo para o Senador Obama reverter a opinião dos democratas, ainda algo renitentes quanto à sua fraca experiência política, mas ao mesmo tempo apaixonados pela sua audácia e esperança.
Fotos: Vencedores em Des Moines (Iowa) - New York Times; Contagem votos - Jenon Katt i-report CNN
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O Caucus, é o modelo eleito no Iowa, para eleição do candidato a apoiar pelos delegados à Convenção Nacional de cada um dos dois grandes partidos americanos.
O Caucus ao contrário das eleições primárias – similares às directas que os partidos nacionais tanto usaram no passado recente – é um modelo de eleição peculiar e não directo. Enquanto nas eleições primárias participam todos os militantes do partido no Estado em que estas se disputem (em alguns estados podem participar também os eleitores independentes), no Caucus - termo que se crê derivar do termo cau´-cau-as´u, que os aborígenes norte-americanos utilizavam para definir os seus conselhos tribais – apenas participam os militantes mais activos, que se reúnem em conselhos em cada um dos precincts (distritos) do Estado. No Iowa, existem 1784 precincts e em cada um deles realizam-se estas reuniões ou conselhos onde cada um dos militantes, defende o seu candidato. Estas reuniões têm lugar em locais públicos, Escolas, Edifícios Municipais, ou mesmo em casa de particulares.
No caso do Iowa, e no caso republicano os eleitores reúnem-se nestes locais e depois de debate intenso, elegem o seu candidato da forma mais rudimentar possível, escrevendo o nome do candidato num papel, que posteriormente depositam em urna. O mais votado será, necessariamente o vencedor do distrito em causa.
No caso democrata, a eleição é ainda mais peculiar, os eleitores já, em plena sala do conselho, agrupam-se, segundo o candidato que apoiam e depois de intenso debate, começam por votar, contando os presentes em cada um dos grupos. Apurados os candidatos mais votados os eleitores, que votaram nos “derrotados”, que não tenham obtido viability - mais de 15% dos votos, podem agora apoiar um dos vencedores, fazendo desta forma desequilibrar a balança para um dos lados. Para apurar o vencedor podem ser necessárias várias votações e depois de um certo ponto, os apoios são negociados a “peso de ouro”, caso estes possam ditar o vencedor.
É a política e ao mesmo tempo a democracia em estado puro. Que o digam os “pobres”, habitantes do Iowa, que nestas alturas do “campeonato” não se conseguem livrar dos candidatos e dos vários activists - voluntários que apoiam o seu candidato até ao início do próprio Caucus.
Poucos foram os candidatos favoritos à eleição, que não visitaram os 99 condados do Estado e que não fizeram de Des Moines, a capital do Iowa, a sua segunda casa, e para além dos candidatos, há ainda o staff directo que no último mês percorreram até ao último recanto todo o estado na procura do voto que faça a diferença. Para além de tudo isto, há os anúncios na TV e na rádio, e depois existe ainda o contacto telefónico, por muitos usado até à exaustão. Com tanto alvoroço, nem se chega a sentir o frio de dezenas de graus negativos que por estes dias se faz sentir, na terra que viu nascer o mítico John Wayne, seguramente o mais famoso Iowan.
É por todo este exagerado mediatismo e pelo posterior esquecimento a que, ao longo da legislatura, são deixados que a grande maioria dos habitantes deste pequeno estado, acha este mês horribilis, e muitos aproveitam o winter break para fugirem, para bem longe.
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Do lado republicano, Mitt Romney, o milionário, antigo CEO da consultora Bain & Company e até à muito pouco Governador do Estado do Massachusetts, investiu milhões em anúncios de lastminute nas televisões e rádios locais, não para defender as suas políticas, mas sim para principalmente, criticar o historial político do seu principal rival, Mike Huckabee, antigo Governador do Arkansas. Chegando ao ponto de o acusar de incompetência total no que a segurança nacional (ponto chave da política americana) se refere, utilizando a sua política de clemências, de amnistias e perdão de penas, como factor de troça constante nos seus anúncios de última hora.
A euforia de Romney, prova bem o que representa esta primeira eleição, das primárias americanas.
O Iowa, não é um estado grande, não é um estado rico, é mesmo um dos mais esquecidos pela esfera politica de Washington (sendo dos que menos visitas Presidenciais teve ao longo da história americana). É um estado que elege poucos eleitores às Conferências Nacionais dos dois grande partidos, no entanto é essencial se não mesmo o decisivo, na corrida à eleição. Que o diga o último grande favorito Democrata à eleição, Howard Dean que, à quatro anos atrás, viu esfumar-se, aqui, o sonho de uma vida.
Quatro anos passados, e do lado Democrata vivemos uma situação de certo modo similar, sendo que desta vez quem tem muito a perder não é o favorito mas o principal opositor. O Senador do Illinois, Barack Obama necessita de uma vitória clara que lhe permita dar ainda mais força à sua candidatura, que caso consiga ditar diferença nos estados que vão a votos em Janeiro pode destronar, a até há poucos meses atrás, incontestável Hillary Clinton. Numa situação similar à de Obama, está o já “eterno” candidato democrata John Edwards, a par de Obama precisa de um impulso, para ver até onde pode realmente chegar a sua candidatura. E apesar das últimas sondagens darem Barack Obama em vantagem sobre Clinton, com Edwards em terceiro lugar, a diferença entre os três é mínima e amanhã os americanos, quando acordarem, podem mesmo ver Clinton em terceiro lugar no Iowa, o que seria uma séria derrota para a Hillary, que tudo tem feito para cativar o eleitorado do pequeno estado, convocando mesmo, toda a família para a batalha, marido, filha e a própria mãe apoiam a Senadora como se de mais um voluntário se tratassem.
Quem, não se deixou impressionar por esta euforia inicial, foi o favorito à eleição pelos republicanos o antigo Mayor de Nova Iorque, Rudy Giuliani, que nem sequer aqui fez campanha, confiando marcar a diferença nos grandes estados, como Nova Iorque, onde por agora permanece com confortável vantagem. No entanto, ou Romney, que nas últimas sondagens aparece com ligeira vantagem, ou Huckabee ao vencerem aqui, irão subir muitos pontos nas sondagens futuras nos estados que se seguem podendo ser uma ameaça séria ao itálo-descendente. Quanto ao Senador John McCain pouco terá a perder, e a ganhar, no Iowa, sendo que a sua candidatura dependerá muito do comportamento que tiver nas eleições a realizar durante o mês de Janeiro.
Veremos! Sendo que eu sou daqueles que acha que nem Hillary, tem a vitória nas primárias tão fácil como pensava à poucos meses, nem muito menos Giuliani, visto pelos sectores mais conservadores do partido - e são eles que irão decidir esta eleição - como demasiado liberal, tem o caminho fácil, que tantos analistas predestinaram.
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