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Iowa: Caucus as Primárias e os eleitores

Mas e o que é isto do Caucus? Será apenas mais uma expressão de origem anglo-saxónico? E como será que os autóctones do Iowa vivem, com esta atenção mediática global, de quatro em quatro anos, ou na melhor das hipóteses de oito em oito anos?

O Caucus, é o modelo eleito no Iowa, para eleição do candidato a apoiar pelos delegados à Convenção Nacional de cada um dos dois grandes partidos americanos.
O Caucus ao contrário das eleições primárias – similares às directas que os partidos nacionais tanto usaram no passado recente – é um modelo de eleição peculiar e não directo. Enquanto nas eleições primárias participam todos os militantes do partido no Estado em que estas se disputem (em alguns estados podem participar também os eleitores independentes), no Caucus - termo que se crê derivar do termo cau´-cau-as´u, que os aborígenes norte-americanos utilizavam para definir os seus conselhos tribais – apenas participam os militantes mais activos, que se reúnem em conselhos em cada um dos precincts (distritos) do Estado. No Iowa, existem 1784 precincts e em cada um deles realizam-se estas reuniões ou conselhos onde cada um dos militantes, defende o seu candidato. Estas reuniões têm lugar em locais públicos, Escolas, Edifícios Municipais, ou mesmo em casa de particulares.
No caso do Iowa, e no caso republicano os eleitores reúnem-se nestes locais e depois de debate intenso, elegem o seu candidato da forma mais rudimentar possível, escrevendo o nome do candidato num papel, que posteriormente depositam em urna. O mais votado será, necessariamente o vencedor do distrito em causa.
No caso democrata, a eleição é ainda mais peculiar, os eleitores já, em plena sala do conselho, agrupam-se, segundo o candidato que apoiam e depois de intenso debate, começam por votar, contando os presentes em cada um dos grupos. Apurados os candidatos mais votados os eleitores, que votaram nos “derrotados”, que não tenham obtido viability - mais de 15% dos votos, podem agora apoiar um dos vencedores, fazendo desta forma desequilibrar a balança para um dos lados. Para apurar o vencedor podem ser necessárias várias votações e depois de um certo ponto, os apoios são negociados a “peso de ouro”, caso estes possam ditar o vencedor.
É a política e ao mesmo tempo a democracia em estado puro. Que o digam os “pobres”, habitantes do Iowa, que nestas alturas do “campeonato” não se conseguem livrar dos candidatos e dos vários activists - voluntários que apoiam o seu candidato até ao início do próprio Caucus.
Poucos foram os candidatos favoritos à eleição, que não visitaram os 99 condados do Estado e que não fizeram de Des Moines, a capital do Iowa, a sua segunda casa, e para além dos candidatos, há ainda o staff directo que no último mês percorreram até ao último recanto todo o estado na procura do voto que faça a diferença. Para além de tudo isto, há os anúncios na TV e na rádio, e depois existe ainda o contacto telefónico, por muitos usado até à exaustão. Com tanto alvoroço, nem se chega a sentir o frio de dezenas de graus negativos que por estes dias se faz sentir, na terra que viu nascer o mítico John Wayne, seguramente o mais famoso Iowan.
É por todo este exagerado mediatismo e pelo posterior esquecimento a que, ao longo da legislatura, são deixados que a grande maioria dos habitantes deste pequeno estado, acha este mês horribilis, e muitos aproveitam o winter break para fugirem, para bem longe.

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