Foi recentemente noticiado que o Estado português adquiriu uma das obras mais valiosas do veneziano Giovanni Battista Tiepolo, pintor de referência do período Rococó. O "Deposição de Cristo no túmulo" (ou "Enterro do Senhor") terá sido pintado durante o último ano de vida de Tiepolo, por volta de 1770, e, desde 1939, classificado de interesse nacional pelo Estado português. Assim, cresce o anseio de termos, finalmente, uma obra de certificada importância e grande beleza exposta, ao que tudo indica no Museu Nacional de Arte Antiga, ao alcance de qualquer pessoa.
Este é, sem dúvida, um passo importante na divulgação cultural no espaço nacional mas é também uma oportunidade para nos questionarmos sobre a diferença de oferta que existe, neste âmbito, entre um país como Portugal, com quase 900 anos de história sendo o mais antigo do mundo quanto às suas fronteiras, e outros países europeus. Não digo que o património histórico-cultural português seja mais relevante que o dos nossos vizinhos europeus, mas é gritante compararmos o nível, quer qualitativo quer quantitativo, da oferta cultural portuguesa com a de outros que fazem disso uma economia e uma bandeira.
É ainda de salientar a ironia de se saber que este óleo terá sido adquirido com as verbas da indemnização que o Estado recebeu pelo roubo das Jóias da Coroa na Holanda, um tesouro nacional!
Foto: Deposição de Cristo no Túmulo, Giambattista Tiepolo, 1769/1770
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