| A Arte de Pensar |


Polícia de bolso

Vivemos num país de brincalhões e temos uma polícia de brincar.
Não sou anárquico e também não gosto de me ver como um daqueles que diz mal de tudo e de todos. Reconheço a necessidade da existência da polícia e de medidas que, apesar de restritivas e punitivas, contribuem para o bem de todos. No entanto, há limites. Ter um polícia escondido atrás duma árvore à espera de apanhar um condutor ao telemóvel ou sem cinto de segurança (como já me aconteceu) é ridículo mas é também uma medida preventiva. Todos reconhecemos que é necessário erradicar estes comportamentos. Há outras medidas que já me parecem de má fé.
Foi ontem que vi um dispositivo policial absolutamente desproporcionado no parque de estacionamento do metro do Senhor Roubado, à entrada de Lisboa. O objectivo era multar todos os que estavam estacionados fora das linhas marcadas para o efeito. O objectivo era, na verdade, caçar multas. Aproveitarem-se duma deficiência de organização e dum comportamento continuado de pessoas que todos os dias se levantam de manhã para trabalhar honestamente e preencherem multas desalmadamente como quem tem que atingir objectivos antes de acabar o mês! Concretamente, o parque de estacionamento que falo tem mais espaços de relva (terra com tufos verdes) e passeios do que lugares de estacionamento para carros. Não sei quem terá sido o iluminado que projectou este mamarracho! O que continuo sem perceber é como é que querem que alguém tenha respeito por este bando de gordos com coletes reflectores se chegam ao referido parque quando os carros já estão estacionados e as pessoas a trabalhar em vez de chegarem antes, agindo preventivamente. Mas aí já não haveria possibilidade de autuar ninguém e lá se iam os objectivos! Mais escabroso é ver, do outro lado da rua, uma quantidade enorme de ciganos, quase impedindo a entrada do metro, a vender fruta e roupa descansadamente sem que ninguém lhes pergunte se têm licença para tal ou se pagam impostos da actividade comercial que praticam.
Vivemos num país de brincalhões e temos uma polícia de brincar!

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Centenário do Regicídio

Assinala-se neste dia 1 de Fevereiro o centenário do atentado que vitimou o Rei D. Carlos e o Príncipe herdeiro D. Luis Felipe. Assim nasce a nossa Républica.

Lá estarei.

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On a road to nowhere ..., originally uploaded by asmundur (Ásmundur Þorkelsson).

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World Economic Forum 2008

Aqui fica, o que de mais interessante, se passou em Davos, durante esta semana.







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Bono responds to the Davos Question

"What one thing do you think that countries, companies or individuals must do to make the world a better place in 2008?"



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Portishead em Portugal

Uma das mais famosas e conceituadas bandas inglesas vai, mais uma vez, incluir Portugal na sua tourné. Os Portishead de Beth Gibbons, Geoff Barrow e Adrian Utley vêm aos coliseus do Porto e Lisboa abrir a digressão europeia que contará com dezassete concertos em outras tantas cidades e que culmina no festival Primavera Sound em Barcelona a 29 de Maio.
Bandas como
Cocteau Twins, Dido, Gorillaz, Lamb, Massive Attack, Morcheeba e outras formam, com os Portishead, o melhor que há no estilo trip-hop. Um estilo de música electrónico mas lento marcado pelas batidas desacelaradas. Há também quem chame ao trip-hop som de Bristol por ter sido nessa cidade inglesa que surgiu. Tal como os Portishead têm o nome da cidade natal de Geoff Barrow.
Os
Portishead têm dois álbuns editados, Dummy (1994) e Portishead (1997), e anunciaram recentemente o lançamento do álbum Third a 14 de Abril. Será uma surpresa ouvir como se portam onze anos depois do seu último disco de originais.
No Porto a 26 de Março e em Lisboa no dia seguinte será possível rever esta banda que tanta aceitação teve sempre que veio ao nosso país.

Vídeo: Glory Box, Portishead

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Reforma da Saúde

Não sei quanto mais vai durar este ministro da Saúde mas era bom que pelo menos a política fosse prosseguida. Sem estar por dentro dos detalhes, acho que não basta apregoar que há estado e despesa a mais e depois protestar sempre se corta em alguma coisa. No caso da saúde não se trata sequer do estado sair, ou estar menos, ou com menos peso. Uma vez que o dinheiro não cai do céu mas dos nossos bolsos, trata-se de procurar racionalizar os meios para que o dinheiro gasto possa traduzir-se na melhor qualidade possivel dos serviços prestados.

Faz sentido haver alguma concentração de meios em menos sitios, quando existem alternativas. Não se pode esperar que quem tem um serviço de saúde ao lado e o vê fechar esteja de acordo, ou não se sinta lesado, mas também sabemos que eles não podem estar em todo lado. É preferível escolher bem onde esses serviços se devem situar, e os que existem serem devidamente apetrechados. Quantas vezes não se está perto do hospital para depois esperar horas para ser atendido? É verdade que assim as unidades de saúde terão de servir áreas maiores mas também podem prestar um serviço com melhores condições, e parte das distâncias pode ser compensada por maior investimento por exemplo em ambulâncias.

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Berlim em cena

Sobe amanhã ao palco do Teatro da Comuna a peça Berlim, adaptada dum texto de Gonçalo M. Tavares publicado na 25ª edição da revista Egoísta.
Segundo o encenador, João Mota, o autor tem grande rigor nos textos que escreve e a sua componente inquietante e trágica facilitam a função de alertar o público que acaba por ser a finalidade do teatro.
No livro
Jerusalém, do mesmo autor, que tive o prazer de ler, encontrei personagens muito carregadas de culpas, preconceitos e frustrações num clima de ausência de felicidade e vazio, dor e loucura, a lembrar Kafka, ou pelo menos a noção que se tem de Kafka. Um médico obcecado por catalogar e teorizar sobre as guerras e as catástrofes da humanidade, a sua mulher internada num hospício com relações extra-conjugais, um filho com problemas físicos e de dicção, uma prostituta, um ex-combatente psicótico, as relações entre eles e deles consigo próprios. Segundo o autor, “Berlim” terá sido escrito no mesmo âmbito temático. Assim, recomendo esta peça tal como recomendo a leitura de Jerusalém.
Berlim está em cena até ao dia 8 de Março. De quarta-feira a sábado às 21h30 e aos domingos às 17h.

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The Oscars: Nominees

E os nomeados são.

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An exercise in futility, originally uploaded by _rebekka (Rebekka Guðleifsdóttir).

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Fantasporto XXVIII

Já não falta muito para começar um dos maiores festivais de cinema do país, o Fantasporto. Este festival comemora a sua 28ª edição com o anúncio de qualidade e quantidade a superar todas as expectativas da organização o que não é de admirar tendo em conta o bom trabalho feito desde 1981 e a notoriedade internacional que já tem.
Nomes de referência têm este festival no seu currículo como David Cronenberg, Brian de Palma, David Lynch, Luc Besson, Lars von Trier, Pedro Almodóvar, Quentin Tarantino, Guillermo del Toro, Danny Boyle, David Fincher, os irmãos Waschowski, entre muitos outros. E por falar em irmãos, são os Coen, autores de “Fargo” e “The big Lebowski”, que vão abrir a edição deste ano, com “No country for old men”, a 25 de Fevereiro no Rivoli. Tive já oportunidade de ver este filme e posso dizer que é fantástico o retrato feito da paisagem texana, das gentes e, principalmente, dos costumes e forma como comunicam. Gostei e recomendo apesar de ter ficado desiludido na parte final.
A organização divulgou que este ano terá 357 filmes em exibição por oito cidades do país através de diversas salas Lusomundo e ainda uma homenagem ao actor Max von Sydow conhecido por filmes como “O diário de Anne Frank”, “O exorcista”, “Flash Gordon”, “Conan, o bárbaro”, “Quo Vadis?”, “Despertares”, “What dreams may come”, "Relatório minoritário”, entre muitos outros.
Lembrando o vencedor da última edição, vi recentemente “El laberinto del Fauno” de Guillermo del Toro. Uma história envolvente duma menina que queria ser princesa. A forma como é retratado o clima de violência e perseguição da Espanha Franquista dos anos quarenta é exímia ao ponto de ser chocante. Quem gostar de histórias fantásticas e de fugir ao "Hollywood’ismo" instalado tem aqui uma excelente opção.
O Fantasporto 2008 terá lugar entre os dias 25 de Fevereiro e 9 de Março próximos.

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The Gift em Madrid

A banda portuguesa The Gift tinha marcados para hoje e amanhã dois concertos no Teatro Bellas Artes em Madrid mas a afluência foi tão grande que tiveram que marcar outro dia, Sábado, para responder aos pedidos dos fãs. E assim se escreve mais uma página de sucesso na já longa carreira da banda de Sónia Tavares, Nuno Gonçalves, Miguel Ribeiro e Ricardo Braga.
Para quem acha que em Portugal tudo é mau e tudo está mal a resposta vem de grupos como este que, com qualidade e persistência, vingam não só cá dentro como também no estrangeiro.

Vídeo: Driving you slow, The Gift

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Steve Jobs 2008 Keynotes

Os mais desatentos ou desinteressados certamente não deram conta, que ontem foi o dia da Conferência anual de Steve Jobs na Macworld Expo.
Como sempre, os rumores e as expectativas eram altos, falava-se de modificações para o iPhone, os mais audazes queriam ver Steve a anunciar a versão 3G do smartphone da Apple, no entanto Jobs não satisfez os “sonhos” de todos.
Mas como sempre, Steve Jobs, fez a audiência vibrar de espanto. Desta vez, graças ao lançamento do portátil mais leve e fino do mundo (apenas 1,93 cm de altura!), o novíssimo Macbook Air. Um portátil, revolucionário, que vai certamente tornar-se uma referência.
Jobs anunciou ainda uma nova versão da AppleTV, que agora passa a funcionar sem necessidade de computador, anunciou um acordo com os maiores Estúdios de Cinema americanos, que vai permitir o aluguer de filmes através do iTunes (de momento apenas nos EUA). Mostrou ainda, um disco externo revolucionário, o Time Capsule que funciona em Wi-Fi.
Para o iPhone e para aqueles que queriam ver o upgrade, para 3G e a possibilidade de GPS, Jobs, anunciou as melhorias realizadas pela Apple, no sistema de mapas do seu smartphone e um acordo com a Google e a Skyhook, que no fundo permite aos utilizadores do iPhone terem um GPS "próprio" – a localização não é dada por um satélite mas pela triangulação automática de sinal GSM e Wi-Fi feita, respectivamente, pelo Google e pelo Skyhook. Podendo agora, sim, o iPhone ser utilizado como um vulgar sistema de navegação.
Steve Jobs anunciou ainda novas aplicações para o iPod e para o iPhone, mas depois da euforia do ano passado com o anuncio do lançamento de um telemóvel revolucionário, as Keynotes deste ano deixaram muita gente decepcionada, tão altas eram as expectativas, prova disso foi a evolução, que teve ontem no Nasdaq o título da empresa de Cupertino – que deixou muitos especuladores a fazer contas ao investimento realizado! Não se pode apresentar um iPhone, todos os anos!

Foto: Apple MacBook Air

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Coração artificial pode vir a ser possível

Investigadores norte-americanos da Universidade de Minnesota publicaram, na revista cientifica de investigação biomédica Nature Medicine, um estudo em que dizem ter conseguido reanimar um coração através duma nova técnica, que cria esperanças aos insuficientes cardíacos e não só através da produção de órgãos bio-artificiais.
A técnica consiste em retirar, dum coração morto, todas as células cardíacas (descelularização) e reinjectar no tecido cardíaco células cardíacas e estaminais cardíacas dum recém-nascido. Os investigadores descobriram que, após este procedimento, o coração acorda, retoma o batimento e ao fim de alguns dias tem prestações regulares.
Esta investigação foi realizada em animais mas há expectativas positivas de utilizar esta técnica em humanos o que poderá levantar questões de natureza ética, nomeadamente pelos grupos religiosos extremistas que sempre têm uma palavra a dizer nestes casos. É verdade que esta não é uma situação que se compare com a clonagem ou manipulação genética mas não deixa de ser também verdade que as associações pró-vida não perdem uma oportunidade para aparecer, mesmo que com argumentos retrógradas e distorcidos, desde que assim tenham publicidade.
Como todo este género de investigações, a aplicação em humanos terá que esperar ainda alguns anos.
Imagem: Coração de rato antes, durante e depois do processo de descelularização. Thomas Matthiesen

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Um Atlas Europeu

(Mapa: Idiomas Europeus)
A Velha Europa, como a conhecemos, como foi no passado. E como será no futuro? A página Atlas of Europe (da Wikimedia Commons) apresenta vários mapas do Velho Continente: políticos, sociais, geográficos, económicos, demográficos, por países, por clima, por idiomas, por organismos...

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At the beach!, originally uploaded by mrrr_55 (Mário Rui Rosa).

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A "revelação" do fim-de-semana

Mike Huckabee no Colbert Report

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IVA 5% para os Ginásios

A diferenciação do IVA cobrado em alguns produtos e actividades acaba por ser uma forma de beneficio ou favorecimento fiscal a favor dos mesmos, por se considerarem desejáveis ou de importância particular. Até aqui tudo bem, quanto mais melhor. O problema é que para o estado manter a receita, quando uma actividade passa a pagar uma taxa menor, as restantes terão de pagar em média mais. Dito de outra forma, se houvesse uma taxa única de IVA em todos os produtos ela poderia ser mais baixa. Assim, acabam por ser os restantes consumidores a financiar aquilo que os beneficiados pagam a menos.

Parece que o IVA aplicado à actividade dos ginásios baixou da taxa normal (21%) para 5% para incentivar a prática de actividades desportivas. Claro que do meu ginásio já recebi uma carta a explicar entre outras coisas que o mesmo prefere investir em melhores serviços do que em baixar preços, blá blá blá, isto é a mensalidade manter-se-á... O mesmo terão feito a esmagadora maioria dos ginásios em Portugal. Pode vir a ter algum impacto no consumidor, mas uma boa parte ficará em beneficio dos ginásios.

A simplicidade é uma qualidade sempre menosprezada, especialmente no sistema fiscal. Este é um caso em que se faz uma distorção que tem um custo, e com pouco reflexo no que é pretendido - incentivar e tornar mais barata a prática de desporto. Se é discutível que devamos financiar (ainda que indirectamente) aqueles que pagam mensalidades de ginásio, ainda mais é quando esse financiamento vai beneficiar os ginásios em vez dos praticantes. Não teria sido mais inteligente permitir a dedução das despesas desportivas? Ao menos assim era um custo que servia o objectivo
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Aventura: Crossing The Ditch

3300 km e 62 dias depois, objectivo cumprido!
James Castrission e Justin Jones, ao chegarem hoje a Ngamotu Beach na costa Oeste da Nova Zelândia, cumpriram o objectivo de se tornarem nos primeiros, a conseguir “ligar” a Austrália à Nova Zelândia por kayak, para tal tiveram que fazer mais de 3000 km no (intempestivo) Mar da Tasmânia.
Entraram, assim, para um clube restrito de aventureiros, que no kayak, inclui nomes como: Franz Romer (1928), Hannes Lindemann (1956) ou Peter Bray (2001), que atravessaram o Oceano Atlântico; Paul Caffyn que em 1981 circunavegou a Austrália; ou Ed Gillet, que em 1987, “ligou” a Califórnia ao Hawai.
Vale a pena, ainda recordar que o mítico, Franz Romer, veterano da I Grande Guerra, que em 1928, com 29 anos atravessou o Atlântico sozinho, saiu de Lisboa no dia 31 de Março e depois de uma escala em Las Palmas, nas Canárias, ligou as ilhas espanholas a St. Thomas nas Ilhas Virgens americanas, cerca de 4800km, em apenas 58 dias. Acabaria por “desaparecer”, quando tentava fazer a ligação entre San Juan, Puerto Rico e Nova Iorque. No entanto a sua travessia – a maior expedição, da história, do kayaking, torná-lo-ia, para sempre, um mito do kayak e, um dos maiores aventureiros de todos os tempos.

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Aeroporto em Alcochete

A custo, a contragosto, a mostrar o pior da teimosia e arrogância do governo, lá se conseguiu que fosse reponderada a localização do Aeroporto. E ainda bem. Ficámos a um fio de afundar a cabeça numa decisão que pelos vistos não era a melhor. Como lisboeta, e não estou sozinho, tenho pena de não se ter levado a sério uma solução Portela +1. É uma perda e um custo fazer não sei quantos mais kilometros para apanhar um avião.

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Três filmes

Tenho visto muito cinema ultimamente. Talvez porque me falta melhor companhia para coisas mais interessantes! Dos cerca de quinze (!) filmes que vi nas últimas semanas destaco três, não por serem os melhores mas porque me apetece falar deles.
Call Girl - O bom das expectativas é que quando são baixas permitem-nos apreciar mesmo o que não é tão bom. História e argumento aceitáveis, luminosidade e som acima da qualidade média do que se faz em Portugal. Um filme comercial dum país sem tradições de os ter. No limite, serve para perceber que há bons actores em Portugal e bastantes.
Promessas Proíbidas - Cronenberg no seu auge. Mais uma vez muita violência mas sempre retractada com muita realidade, melhor ainda que o seu último filme. Posso dizer que este me encheu as medidas do início ao fim. Tenho que admitir que tenho um fraquinho pelas tradições russas tão bem ilustradas aqui, máfia incluída. Recomendo vivamente.
Nunca é tarde demais - Acabei de o ver e levou-me a escrever este artigo. Um argumento fantástico, daqueles que só vemos de vez em quando. Apesar da história lamechas e algo dramática, há muito a aprender com este filme e muitas lições a tirar. Escusado será dizer que os dois "monstros" Nicholson e Freeman adicionam muito valor à obra de Rob Reiner.

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Hillary e McCain: "The Comeback Kids"

Hillary e McCain ganharam as primárias de New Hampshire (NH). A vitória do Senador do Arizona era esperada, já aqui tinha ganho em 2000, contra Bush e "apenas" tinha um adversário – Mitt Romney.
O Senador pode agora, pensar seriamente na nomeação como candidato oficial do Partido, depois de muitos terem dado a sua candidatura como moribunda, McCain precisava de vencer em NH e de vencer Romney. A eleição do lado republicano, será certamente uma luta a três, Romney, McCain, Giuliani, no entanto, ainda tudo pode passar do lado do “elefante”.
Quanto à vitória de Hillary Clinton, poucos a esperariam, depois da ascensão estrondosa que Barack Obama teve na última semana.
Mas o primeiro que se deve salientar, destas primárias no estado do granito, é a falha total, de praticamente todos os estudos de opinião, realizados nos dias precedentes ao Caucus do Iowa. Estas sondagens, que começaram a surgir no fim-de-semana, indicavam uma clara mudança de intenção de voto. Hillary, em todas as sondagens perdeu a vantagem que tinha, de 6-8 pontos, passando, como que por acto de magia esta vantagem de imediato para Obama, que nas sondagens de segunda-feira, chegou a ter mais de 10 pontos de margem para a Senadora. Estamos perante um fenómeno conhecido dos americanos, a força mediática de Obama, foi tal que os eleitores democratas, passaram a ter receio, em demonstrar que não iriam votar num candidato de cor, Bradley/Wilder effect - apoiaram Obama nas sondagens, no entanto na eleição votaram Hillary. Para o Prof. Jon A. Krosnick, Hillary beneficiou ainda da sua posição nos boletins de voto. Para o Professor de Stanford, a posição de Hillary pode lhe ter “dado” mesmo, 3% do total de votos. Caso não houvesse tal distância nos lugares em que aparecem nos boletins de voto, esta eleição ficaria empatada, ou desiquilibrar-se-ia para o lado do Senador de Illinois, segundo Krosnick.
É com este cenário, que a vitória de Hillary Clinton em NH, assume ainda um conotação mais emblemática, agora sim pode utilizar o epíteto (que tanto ajudou Bill) de “comeback kid”, com que várias vezes se nomeou depois do desaire de Iowa, para se manter na corrida e apelar à mobilização dos seus apoiantes, mais jovens.
Esta vitória, faz acalmar a euforia dos apoiantes de Obama, que ontem depois de ouvirem o seu candidato, estavam bastante resignados à força da “máquina” partidária de Hillary Clinton, muito subestimada depois da pesada derrota no Iowa.
Apesar de todo este clima de derrota, Obama conseguiu algo notável, face às sondagens do último mês, no mínimo equilibrou esta luta, que Hillary pensava haver já vencido. Falta saber, quando é que (se o fizer) John Edwards abdicará da corrida, e a qual dos candidatos dará o seu apoio (se o fizer).
No entanto, e depois de tudo o que vi até agora, esta parece que será uma luta até ao fim entre Hillary e Obama. Será uma luta entre o grande aparelho partidário de Clinton e o brilhantismo de Obama.
Foto: Vencedores New Hampshire (Washington Post)

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Um exemplo de democracia

As eleições americanas são sempre interessantes de seguir por quem tenha interesse pela politica como debate de ideias, e estas não vão ser excepção. Tem a ver com os protagonistas mas também com a forma participativa como o sistema funciona, a exemplo das primárias para escolher o candidato de cada um dos partidos.

Acompanho o desenrolar e de vez em quando lá me lembro dos nossos arautos da democracia e liberdade que falam dos EUA como uma democracia menor, duvidosa, musculada, com tanto para aprender nas "boas práticas" deste lado do oceano... Não será mais ao contrário?

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MUMBAY EXTRAVAGANZA, originally uploaded by André M Pipa.

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À descoberta de Lisboa

Desta feita é a CNN Traveller que descobre Lisboa, em 24 horas.

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Yossi Vardi: "Dangers" of blogging!


O entrepreneur israelita Yossi Vardi, fala para a TED, dos males, que o blogging (excessivo) pode trazer a esta geração e gerações futuras. Imperdível!

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Uma História Impressionante

Ou, simplesmente, um milagre.

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Barack Obama: A mudança aproxima-se

Depois da expressiva vitória no Iowa, o Senador Barack Obama é agora olhado pelos eleitores democratas e pela imprensa americana e internacional como um sério candidato à Presidência.
É com ele que o país pode mudar, lê-se no rescaldo da euforia do Iowa, a imprensa internacional parece já rendida ao Senador, e os discursos dos analistas mudaram abruptamente. Hillary Clinton, aparece agora, num segundo plano, como se de uma candidatura menor se tratasse, apesar de a nível nacional continuar a liderar as sondagens, com mais de 20 pontos de margem e de, no New Hampshire continuar ainda à frente do Senador de Chicago.
Mas, em apenas um dia, tudo parece ter mudado, e, é que, Obama transmite entusiasmo fala ao coração dos americanos, sabe como ninguém os problemas que sofrem os menos favorecidos, compreende as angústias dos imigrantes, reconhece perante todos, os males que "circulam" por Washington. Fala no “ser” americano, raramente individualiza o discurso, utiliza o “nós” e não o “eu”, fala aos jovens, aos velhos, aos pobres, aos ricos, aos asiáticos, aos latinos, aos negros, aos brancos, fala de mudança, de esperança, de um "novo" país. E os americanos, agora parecem acordar para essa mudança.



Video: Discurso da vitória, 03/01/08, Des Moines, Iowa

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Iowa: Os Vencedores

Como era previsível Barack Obama, pelos democratas e Mike Huckabee pelos republicanos ganharam a primeira batalha do longo caminho que dista até à almejada Casa Branca.
Do lado republicano Huckabee, consiguiu impôr a sua lei, e obteve uma vantagem considerável sobre Mitt Romney, que a tudo recorreu nos últimos dias para poder alcançar Huckabee. No entanto, e apesar do que algumas sondagens vaticinavam, Mike Huckabee, conseguiu no Iowa uma vitória clara e expressiva com cerca de 34% dos votos contra os 25% de Romney. Foi certamente, este o início sonhado pelo ex- Governador do Arkansas, marcar diferença sobre os seus mais directos rivais de forma a conseguir entusiasmar os seus apoiantes à mobilização, essencial, nesta luta que se prevê longa.
Convêm ainda salientar que o actor Fred Thompson conseguiu suplantar John McCain por apenas umas centenas de votos, ficando assim em terceiro lugar, apesar de ter eleito apenas 3 delegados como o Senador. E para a história fica também a prestação a limiar o ridículo de Rudy Giuliani que apenas conseguiu 4% das intenções de voto, ficando mesmo atrás de Ron Paul, o candidato que tem batido todos os recordes de popularidade (e recolha de fundos) na Internet.
Nos democratas, a felicidade de Barack Obama, era imensa, não só venceu a sua principal rival, por uma margem significativa, (38%, contra 29%, da Senadora de NY) como viu ainda Hillary Clinton ficar atrás de John Edwards. Edwards, conseguiu superar Hillary, como vaticinavam alguns analistas, o que pode vir a baralhar significativamente as contas de Clinton na eleição. Foi a grande derrotada da noite.
Este impulso que tanto Obama, como Edwards necessitavam, para poderem sonhar em destronar Hillary na corrida a Washington, pode começar por alterar as sondagens dos estados que se seguem.
Para Barack Obama, este pode bem ter sido o início de uma longa história. Com esta vitória o Senador do Illinois, contagiou de euforia os seus apoiantes que já falam agora de uma nova vitória em New Hampshire (na próxima terça-feira), onde Clinton tem aparecido sempre à frente nas sondagens. Este mês será sem qualquer dúvida decisivo para o Senador Obama reverter a opinião dos democratas, ainda algo renitentes quanto à sua fraca experiência política, mas ao mesmo tempo apaixonados pela sua audácia e esperança.


Fotos: Vencedores em Des Moines (Iowa) - New York Times; Contagem votos - Jenon Katt i-report CNN

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Iowa: Caucus as Primárias e os eleitores

Mas e o que é isto do Caucus? Será apenas mais uma expressão de origem anglo-saxónico? E como será que os autóctones do Iowa vivem, com esta atenção mediática global, de quatro em quatro anos, ou na melhor das hipóteses de oito em oito anos?

O Caucus, é o modelo eleito no Iowa, para eleição do candidato a apoiar pelos delegados à Convenção Nacional de cada um dos dois grandes partidos americanos.
O Caucus ao contrário das eleições primárias – similares às directas que os partidos nacionais tanto usaram no passado recente – é um modelo de eleição peculiar e não directo. Enquanto nas eleições primárias participam todos os militantes do partido no Estado em que estas se disputem (em alguns estados podem participar também os eleitores independentes), no Caucus - termo que se crê derivar do termo cau´-cau-as´u, que os aborígenes norte-americanos utilizavam para definir os seus conselhos tribais – apenas participam os militantes mais activos, que se reúnem em conselhos em cada um dos precincts (distritos) do Estado. No Iowa, existem 1784 precincts e em cada um deles realizam-se estas reuniões ou conselhos onde cada um dos militantes, defende o seu candidato. Estas reuniões têm lugar em locais públicos, Escolas, Edifícios Municipais, ou mesmo em casa de particulares.
No caso do Iowa, e no caso republicano os eleitores reúnem-se nestes locais e depois de debate intenso, elegem o seu candidato da forma mais rudimentar possível, escrevendo o nome do candidato num papel, que posteriormente depositam em urna. O mais votado será, necessariamente o vencedor do distrito em causa.
No caso democrata, a eleição é ainda mais peculiar, os eleitores já, em plena sala do conselho, agrupam-se, segundo o candidato que apoiam e depois de intenso debate, começam por votar, contando os presentes em cada um dos grupos. Apurados os candidatos mais votados os eleitores, que votaram nos “derrotados”, que não tenham obtido viability - mais de 15% dos votos, podem agora apoiar um dos vencedores, fazendo desta forma desequilibrar a balança para um dos lados. Para apurar o vencedor podem ser necessárias várias votações e depois de um certo ponto, os apoios são negociados a “peso de ouro”, caso estes possam ditar o vencedor.
É a política e ao mesmo tempo a democracia em estado puro. Que o digam os “pobres”, habitantes do Iowa, que nestas alturas do “campeonato” não se conseguem livrar dos candidatos e dos vários activists - voluntários que apoiam o seu candidato até ao início do próprio Caucus.
Poucos foram os candidatos favoritos à eleição, que não visitaram os 99 condados do Estado e que não fizeram de Des Moines, a capital do Iowa, a sua segunda casa, e para além dos candidatos, há ainda o staff directo que no último mês percorreram até ao último recanto todo o estado na procura do voto que faça a diferença. Para além de tudo isto, há os anúncios na TV e na rádio, e depois existe ainda o contacto telefónico, por muitos usado até à exaustão. Com tanto alvoroço, nem se chega a sentir o frio de dezenas de graus negativos que por estes dias se faz sentir, na terra que viu nascer o mítico John Wayne, seguramente o mais famoso Iowan.
É por todo este exagerado mediatismo e pelo posterior esquecimento a que, ao longo da legislatura, são deixados que a grande maioria dos habitantes deste pequeno estado, acha este mês horribilis, e muitos aproveitam o winter break para fugirem, para bem longe.

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Iowa: A Primeira Batalha

Chegou o grande dia para os candidatos à Presidência do mais poderoso país do planeta. Começa hoje a verdadeira corrida à Casa Branca. Houve muito tempo para se discutir ideias, recolher fundos, recolher apoios de peso, definir modelos de gestão, para reformular opiniões, redefinir estratégias. E no entanto, para aqueles que verdadeiramente ambicionam chegar à nomeação oficial dos seus partidos, ainda parece que tudo falta fazer, tal é a euforia (por certo habitual quando de primárias "reais" se trata) com que os candidatos abordaram esta última semana de campanha para o Caucus do Iowa.
Do lado republicano, Mitt Romney, o milionário, antigo CEO da consultora Bain & Company e até à muito pouco Governador do Estado do Massachusetts, investiu milhões em anúncios de lastminute nas televisões e rádios locais, não para defender as suas políticas, mas sim para principalmente, criticar o historial político do seu principal rival, Mike Huckabee, antigo Governador do Arkansas. Chegando ao ponto de o acusar de incompetência total no que a segurança nacional (ponto chave da política americana) se refere, utilizando a sua política de clemências, de amnistias e perdão de penas, como factor de troça constante nos seus anúncios de última hora.
A euforia de Romney, prova bem o que representa esta primeira eleição, das primárias americanas.
O Iowa, não é um estado grande, não é um estado rico, é mesmo um dos mais esquecidos pela esfera politica de Washington (sendo dos que menos visitas Presidenciais teve ao longo da história americana). É um estado que elege poucos eleitores às Conferências Nacionais dos dois grande partidos, no entanto é essencial se não mesmo o decisivo, na corrida à eleição. Que o diga o último grande favorito Democrata à eleição, Howard Dean que, à quatro anos atrás, viu esfumar-se, aqui, o sonho de uma vida.
Quatro anos passados, e do lado Democrata vivemos uma situação de certo modo similar, sendo que desta vez quem tem muito a perder não é o favorito mas o principal opositor. O Senador do Illinois, Barack Obama necessita de uma vitória clara que lhe permita dar ainda mais força à sua candidatura, que caso consiga ditar diferença nos estados que vão a votos em Janeiro pode destronar, a até há poucos meses atrás, incontestável Hillary Clinton. Numa situação similar à de Obama, está o já “eterno” candidato democrata John Edwards, a par de Obama precisa de um impulso, para ver até onde pode realmente chegar a sua candidatura. E apesar das últimas sondagens darem Barack Obama em vantagem sobre Clinton, com Edwards em terceiro lugar, a diferença entre os três é mínima e amanhã os americanos, quando acordarem, podem mesmo ver Clinton em terceiro lugar no Iowa, o que seria uma séria derrota para a Hillary, que tudo tem feito para cativar o eleitorado do pequeno estado, convocando mesmo, toda a família para a batalha, marido, filha e a própria mãe apoiam a Senadora como se de mais um voluntário se tratassem.
Quem, não se deixou impressionar por esta euforia inicial, foi o favorito à eleição pelos republicanos o antigo Mayor de Nova Iorque, Rudy Giuliani, que nem sequer aqui fez campanha, confiando marcar a diferença nos grandes estados, como Nova Iorque, onde por agora permanece com confortável vantagem. No entanto, ou Romney, que nas últimas sondagens aparece com ligeira vantagem, ou Huckabee ao vencerem aqui, irão subir muitos pontos nas sondagens futuras nos estados que se seguem podendo ser uma ameaça séria ao itálo-descendente. Quanto ao Senador John McCain pouco terá a perder, e a ganhar, no Iowa, sendo que a sua candidatura dependerá muito do comportamento que tiver nas eleições a realizar durante o mês de Janeiro.
Veremos! Sendo que eu sou daqueles que acha que nem Hillary, tem a vitória nas primárias tão fácil como pensava à poucos meses, nem muito menos Giuliani, visto pelos sectores mais conservadores do partido - e são eles que irão decidir esta eleição - como demasiado liberal, tem o caminho fácil, que tantos analistas predestinaram.

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Arte de Pensar

      A Arte é um blog actual, que pretende discutir a actualidade nacional e internacional e estar atento a todos os actos e/ou iniciativas relevantes no universo cultural.
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